segunda-feira, 24 de maio de 2010

Meu (novo) semblante


03:37 é o que marca o relógio. Nem o sono incessante na companhia de Nando Reis me faz apagar. O mural de fotos na minha frente me faz sentir uma pontinha de amor. A Bíblia na mesinha de cabeceira me faz lembrar que eu não estou sozinha, que existe um Deus maior do que toda dor e toda angustia.
A luz ligada ofusca meus olhos, fazendo-me desviar e encarar aquela velha e empoeirada caixa de recordação em cima do guarda-roupa. Caixinha que me acompanha desde, sei lá, o meu primeiro admirador secreto que insistia em me escrever cartas... Posso dizer que minha vida inteira está lá. Guardada. Empoeirada.
Todas aquelas coisas ali guardadas me fazem lembrar de tudo aquilo que vivi, que eu me permiti. De todas as temidas mudanças que eu sofri. Mudanças irreparáveis. Diversas. Lugares, pessoas, objetos, sentimentos, amizades, risos, choros, micos.
Não entendo o porque mas essas recordações me parecem tão distantes do que hoje eu sou. Sei lá, eu mudei. Ou, bem, era o que eu pensava até até vascular mais um pouquinho e me dar conta de que eu sou aquela ali - guardada naquela caixa, e não essa que eu me tornei.
Isso que hoje eu vivo é só uma máscara. Uma máscara que vem sendo retirada aos poucos me causando uma dor extrema. A cada pedaço arrancado dando lugar a minha verdadeira face é sentido com tamanha angustia que eu, simplesmente, não consigo aguentar.
Mas eu não quero voltar a ser quem eu era, eu não quero retirar essa máscara. Eu sou muito mais feliz assim, muito mais forte, muito mais viva, muito mais segura e muito mais independente. Brinco sem medo, falo sem pensar e vivo pra ser feliz.

Essa é minha maior dor. A angustia de estar voltando e a sensação de estar regredindo.


Eu já não consigo mais me encontrar.

Eu não consigo me comunicar comigo mesma.

Eu não sei mais me permitir.


Eu não quero mudar. Não mais.


Fica aqui, máscara.

Fica...

Nenhum comentário:

Postar um comentário