sábado, 24 de julho de 2010

Sem medo de ter que arriscar


É assim que eu tenho levado vida: sem olhar pra trás. A gente tem que mirar no alvo e atirar, pronto, foi... A flecha não volta. Se acertamos ou erramos, não tem volta. É preciso viver, curtir o acerto ou lamentar o erro - mas viver.
Nos (des)caminhos da vida eu sempre me perdi. Errava denovo e novamente insistia. Recomeçava... Até que desisti. Agora eu torno a buscar. Eu torno a me permitir. Eu me encaro. Assim: envolta de sentimentos, sem senti-los. Mas eu já não me importo. O medo do amor insuficiente já não existe mais.
A tentativa de amar basta. O carinho. O afeto. O afago. O fechar os olhos sem se preocupar. A amizade. Eu só quero poder multiplicar tudo isso que me anestesia por horas e que me faz sorrir por dias depois.
Sentir a frieza e o orgulho apontar lá no peito e ter a autoridade pra me permitir fingir não senti-los é o ápice da liberdade. É o que eu sempre quis sentir.



Quero que a vida seja hoje, ela não é adiável.

domingo, 30 de maio de 2010

Meu novo irmão mais velho


Chego em casa do colégio e me deparo com um pedido de amizade no Orkut com os dizeres 'preciso da sua ajuda'. Rejeito. Minutos depois o mesmo pedido é enviado com os mesmos dizeres e um 'tenho o mesmo sobrenome que você' incluso. Aceito. Vou dormir.
No outro dia recebo um depoimento daquele desconhecido pedindo pra que o adicione no MSN pois tem um assunto sério pra falar e pede pra guardar segredo. Adiciono no MSN.
A conversa começa com um agradecimento pela confiança. Logo me pergunta se sou sobrinha do Lourival, mas bem, não. Sou filha dele. Ele me parece um tanto quanto assustado e pergunta se sei quem ele é. Respondo que não faço a mínima idéia. Ele diz ter pensado que eu era sobrinha do meu pai mas reconhece que como já começou a conversa, deve continuar. Ele pergunta minha idade pra saber exatamente como me explicar, eu digo que estou preocupada. Ele diz que seu nome é Victor e que tem 22 anos, que não tem culpa de nada da mesma forma que eu não tenho, alega entender que pra mim ele é um desconhecido da mesma forma que eu era pra ele, pois ele não sabia da minha existência.
Confusa, mas com um pré conhecimento sobre a história pergunto se ele está querendo dizer que é filho do meu pai. Ele confirma. Em prantos eu já não sei o que fazer, penso ser trote e todas as outras possibilidades possíveis. Ele insiste dizendo que pensava que eu era sobrinha do papai pois só sabia da existência do Victor Hugo, meu irmão mais novo. Mais confusa ainda eu não consigo entender como ele sabia o nome do meu irmão. Diz ter se encontrado com meu pai quando tinha 10 anos pra fazer um exame de DNA e que o carro do meu pai era um Tempra. Tá, meu pai tinha um Tempra. Não parece ser mentira. Ele pede pra eu guardar segredo pois não quer atrapalhar a vida de ninguém, mas como eu posso esconder isso? Sem entender pergunto o que ele, de fato, quer. E ele diz somente: MINHA FAMÍLIA. Pede pra eu me colocar no lugar dele, nunca ter conhecido ninguém. Eu entendo, absolutamente.
Eu não poderia falar com a minha mãe, e se ela não soubesse? Desesperada eu procuro o primeiro amigo confiável online no MSN pra me aconselhar e me ajudar a decidir o que fazer. Foi o Gustavo o meu anjinho. Ele – desesperado, coitado – diz pra eu procurar meu pai e me ofereceu companhia. E bem, nós fomos. Saí meio que as escondidas da minha mãe, desci aquela interminável avenida chorando e falando pro Gustavo tudo que me vinha a cabeça. Demorou uma eternidade até chegarmos ao trabalho do papai. Chegamos e o Gustavo se despediu me desejando boa sorte. Entrei e o papai estava com um cliente, esperei alguns minutos que demoram passar e, enfim, eu pude falar. Eu não sabia, ao certo o que dizer. Pensei não ter coragem de falar e queria sair correndo dali.
- Pai, um rapaz me adicionou no Orkut. Ele tem 22 anos, o nome dele é Victor. Ele disse que é seu filho. É verdade? – Foi o que consegui dizer. No começo minha voz saiu tremida e abafada e depois soou como um grito. Me perguntei se as pessoas lá de fora poderiam escutar.
- Sim, é verdade. – Foi só que ele disse.
Vi uma lágrima escorrer pelo seu rosto e senti ele me abraçar de uma maneira que ele nunca me abraçou. Havia susto, amor, dor e compreensão naquele gesto. Ele completou dizendo que minha mãe sabe e que eu não precisava me preocupar. Disse que desde que ele soube da existência desse outro filho ele paga pensão e não mantém contato por medo. Foi um alívio enorme. Me despedi dele e voltei pra casa. Desde essa conversa ele não disse mais nada sobre o assunto.
No caminho de volta eu senti vontade de vomitar meu coração, creio nunca ter chorado tanto em toda a minha vida. Tentei pensar em tudo mas a verdade é que eu não consegui pensar em nada. Não sabia ao certo o que eu estava sentindo e minha cabeça estava uma bagunça.
Quando cheguei minha mãe tinha acabado de falar com meu pai e ele havia contado o que eu sabia. Ela me abraçou e contou toda a história e eu, finalmente, consegui sentir uma emoção concreta, verdadeira. Eu estava feliz.
Eu agradeço muito a Deus por ter estado no comando dessa história. Um dia antes de toda essa loucura o assunto principal de uma conversa com uma amiga era 'irmãos perdidos pelo mundo'. Deus já estava me preparando pra isso... Desde o fluir dessa conversa maluca até o momento que ele me fez sentir angustiada tendo que procurar um anti-depressivo pra me acalmar. É a Ele que eu tenho que agradecer por não ter pirado com tudo isso.
Apesar de ser tudo muito maluco, de parecer história de novela, de eu estar tendo constantes dejavus e de às vezes minha cabeça pirar com tudo isso... Eu estou MUITO feliz. Eu sei que são só três dias mas eu já tenho um carinho muito especial por ele, meu irmão mais velho.

Bem, eu precisava registrar essa loucura. Creio que seja a história mais maluca que poderia acontecer comigo.

Sim, eu tenho dois irmãos com o mesmo nome! E duas irmãs lindíssimas com TH!
Thais, Thatiana, Victor Hugo e Victor. Meus irmãos DE SANGUE. Amo vocês.



PS: Esse meu ‘novo’ irmão tem 22 anos e os meus pais se conhecem a 20 anos. Portanto, não precisam colocar chifres na cabeça da minha mãe. Ela não os tem.

segunda-feira, 24 de maio de 2010

Meu (novo) semblante


03:37 é o que marca o relógio. Nem o sono incessante na companhia de Nando Reis me faz apagar. O mural de fotos na minha frente me faz sentir uma pontinha de amor. A Bíblia na mesinha de cabeceira me faz lembrar que eu não estou sozinha, que existe um Deus maior do que toda dor e toda angustia.
A luz ligada ofusca meus olhos, fazendo-me desviar e encarar aquela velha e empoeirada caixa de recordação em cima do guarda-roupa. Caixinha que me acompanha desde, sei lá, o meu primeiro admirador secreto que insistia em me escrever cartas... Posso dizer que minha vida inteira está lá. Guardada. Empoeirada.
Todas aquelas coisas ali guardadas me fazem lembrar de tudo aquilo que vivi, que eu me permiti. De todas as temidas mudanças que eu sofri. Mudanças irreparáveis. Diversas. Lugares, pessoas, objetos, sentimentos, amizades, risos, choros, micos.
Não entendo o porque mas essas recordações me parecem tão distantes do que hoje eu sou. Sei lá, eu mudei. Ou, bem, era o que eu pensava até até vascular mais um pouquinho e me dar conta de que eu sou aquela ali - guardada naquela caixa, e não essa que eu me tornei.
Isso que hoje eu vivo é só uma máscara. Uma máscara que vem sendo retirada aos poucos me causando uma dor extrema. A cada pedaço arrancado dando lugar a minha verdadeira face é sentido com tamanha angustia que eu, simplesmente, não consigo aguentar.
Mas eu não quero voltar a ser quem eu era, eu não quero retirar essa máscara. Eu sou muito mais feliz assim, muito mais forte, muito mais viva, muito mais segura e muito mais independente. Brinco sem medo, falo sem pensar e vivo pra ser feliz.

Essa é minha maior dor. A angustia de estar voltando e a sensação de estar regredindo.


Eu já não consigo mais me encontrar.

Eu não consigo me comunicar comigo mesma.

Eu não sei mais me permitir.


Eu não quero mudar. Não mais.


Fica aqui, máscara.

Fica...

domingo, 25 de abril de 2010

crush crush crush


Quisera eu arrancar toda essa dor que assola o seu coração. Quisera eu poder confortar o seu ser. Quisera eu sentir tudo isso por você.

Dói muito te ver assim, seria melhor se fosse em mim.

As vezes eu não entendo, não quero, não aceito, não ligo.

Eu finjo.


Eu procuro palavras, não as encontro. Eu faço graça, rio, babo, durmo. Passa... Volta... Não passa.


Eu sei que você também não queria que fosse assim. Mais do que qualquer outra pessoa. Mas é inevitável. É irreversível.

Ou não.



Já passou uma vez... Vai passar de novo.


E não vai voltar.




É só o amor, é só o amor.

sexta-feira, 23 de abril de 2010

Sobre coisas que cabem em um mês


A preguiça física nos impede de mudar. Mas basta uma faísca entre dois neurônios para que nossa mente nos aponte para outra direção. Das duas uma: ou tu segues as novas coordenadas, que te podem levar por terrenos inóspitos e até mesmo campos minados, ou optas por permanecer no curso antigo, ignorando a intermitente buzina que te avisa: “estás no caminho errado”.
Não digo “errado” no sentido mais amplo da palavra. Talvez sejam justamente as instruções antigas, as que estavam corretas. Mas acredito que, às vezes, precisamos deparar com um beco sem saída para descobrirmos que o caminho é pro outro lado. A vida já cansou de me provar repetidamente que a escolha certa é justamente a que me parece mais errada. Mas a gente precisa errar. Mas não errar por engano, por distração, displicência. Eu erro com força, e com vontade. Eu erro melhor, para errar menos.
E, sim, saio errante pela rua, torcendo pra chuva não me pegar, ou enxarcar cada centímetro da minha pele. Não é que eu esteja deixando a maré me levar, como se fosse plâncton. Eu erro por aí na tentativa de acertar. Depois de perceber que, sempre que acho que estou fazendo a coisa certa, descubro que estou machucando alguém, tenho apostado cada vez mais no que não me parece sensato. Improvável? Vamos. Impossível? Não existe. Impensável? Bora!
Sigo a maré das sinapses. Se a mente muda, eu mudo. Somente assim eu posso ser cem por cento sincera com aquele que mais estimo: eu. Egoísta: para caralho, mas se eu não fizer as coisas por mim, sei que minha mãe não as pode fazer. Dirijo com o tanque na reserva, mas é para voar baixo.
“Tá, mas o que é que cabe em um mês?” – tu perguntas. Um ciclo lunar, um ciclo menstrual, uma copa do mundo, duas olimpíadas, um amor de verão, quatro amores de verão…
Um mês é o tempo que levei pra voltar a seu eu. O tempo que minha mente demorou pra mudar o curso da minha alma. Pra onde ela aponta agora? Pra bem longe.

Prometo ser mais ágil, da próxima vez.



(Plagiei sem vergonha. Lucas Silveira. MESTRE.)

quinta-feira, 22 de abril de 2010

Que a gente se permita


Entre um dia e outro, entre uma porção de acontecimentos e muitos mais outros... entre um ano e outro, ANOS e outros, eu continuo percebendo. A minha capacidade de análise em relação à pessoas nunca foi pequena, porque ao contrário do que eu sempre pensei, eu gosto de gente. Todo mundo é tão igual e tão diferente ao mesmo tempo. Eu me vejo, ou pelo menos vejo um pedaço de mim em cada pessoa. Meus erros, meus acertos, minha capacidade de julgar. E eu julgo, ah como eu julgo... Muitas vezes internamente, mas julgo! Mas eu não quero, eu acho feio, eu acho errado. E eu sei toda a regra. Afinal, o julgador é o menor conhecedor do que ele julga. Ele não conhece o presente, ele não sabe o estado real da coisa, ele é um total ignorante em relação ao alvo. E ignorância, me desculpe, é muito feio.

E porque será, então, que isso sempre continua? É medo, é ciúmes, é querer não morrer de vontade e não poder. Porque tem gente olhando, porque tem gente falando, porque tem gente que não é feliz querendo que você não seja também. Aí você atribui um monte de regras pra si mesmo sobre o que é certo e errado e se sente um lixo porque o teu errado era o certo deles e o teu certo pode ser bem errado pra todos.

E sabe o que não pode? Não se pode ter regras pra ser feliz. Não se pode esconder aquele sorriso envergonhado pensando na loucura que você fez certa vez. Não se pode perder toda aquela espontaneidade que a gente tinha, toda aquela vontade de viver e ver e ser o que a gente quisesse, o que a cabeça dissesse pra fazer. E mais, muito mais. Que a gente finja que não vê a cara de desapontamento da pessoa infeliz que te dá conselhos idiotas quando você contar de propósito as barbaridades que fez... E viveu.


Que a gente se permita. Que a gente quebre a cara mas que, pelo amor de Deus, a gente se permita.



(Transcrito e adaptado de algum lugar, por eu mesma.)

terça-feira, 20 de abril de 2010

Se eu não fosse tão comum


Luiz Carlos Merten, um dos maiores críticos brasileiros de cinema, sobre Filipe Galvão:
E que maravilhoso ator é Fiuk! Ia escrever – o filho de Fábio Jr. As tietes que me perdoem, mas o Fábio, que foi tão bom no começo de sua carreira – o Ciço de Bye Bye Brasil –, é que passa a ser agora, pelo menos para mim, o pai do Fiuk.
(http://blogs.estadao.com.br/luiz-carlos-merten/a-melhor-coisa-do-mundo)

É nessas horas que eu esqueço os últimos meses de desprezo e volto àqueles muitos anos de admiração. Filipe Kartalian Ayrosa Galvão, eterno amor da minha vida, você é foda e eu te amo.


Primeiro post tipo MUITO paga pau, mas foda-se, essa é minha própria bolha de ar.
Um bjs.